Falar sobre Orixás não é tarefa fácil, vez que se trata de Mistérios de Deus. Segundo Rubens Saraceni, em sua obra Teologia de Umbanda Sagrada, republicada em 2014: “um mistério é a Manifestação Divina do Divino Criador, tornada visível aos olhos humanos”. Quando Deus manifesta sua ação divina ele o faz para toda a criação e sua manifestação percorre o espaço e o tempo. Cada cultura, ao recepcionar tais ações divinas, escolhe – de forma inconsciente – um método de leitura para tais irradiações. Algumas a compreende como irradiadas por um único ser, Onipotente, Onisciente e Oniquerente, já outras culturas preferem fracionar o todo em pequenas partes para que o conhecimento acerca de tais ações seja absorvido de forma mais simples, mais fácil, assim surgem as divindades.
Assim ocorreu com a cultura Nagô, que através de um panteão de divindades nomeou e personificou cada ação de Deus e as classificou como Orixás. Na Umbanda, inicialmente, tratava-se Deus simplesmente como “Deus” o Pai Criador, entretanto com a Manifestação de Pai Antônio, preto-velho que atuou através de Pai Zélio Fernandino de Moraes, introduziu-se dentro da cultura Umbandista a visão de que as ações, ou mistérios, de Deus estavam associadas às divindades cujo nome – cultural – é Orixá.
Desta forma, introduziu-se o Orixá como a divindade na Umbanda. Com o passar dos anos – das décadas – muitos conceitos foram aplicados às divindades (orixás) que passaram por diversas descrições, das mais simples e baseadas em mitologia estrangeira, até as mais complexas baseadas em fundamentos científicos. Um meio termo entre a simplicidade e a originalidade é descrevê-las, simplesmente, como mistérios de Deus.
Portanto, quando pensar em Orixá – em seu aspecto mais amplo – pense na manifestação dos poderes de Deus, a ação propriamente dita, mas não se limite a isso, aceite que Deus está em tudo, em todos e muito além disto, assim sendo, sinta o que é Orixá em seu Coração e lá estará a verdade. Se Orixá é personificado, um ancestral com aparência física e personalidade distinta, que assim seja! Se em seu coração Orixá é energia pura e Onisciente, então será. Compreenda apenas que, ao final, tudo é parte de Deus e, por assim ser, ao falarmos dos Orixás falamos de partes do nosso Divino Criador.
Mistério do Orixá x Frequência vibratória
Cada mistério de Deus que nomeamos como Orixá possui um magnetismo. Este magnetismo funciona como um imã atraindo para si energias polarizadas de forma oposta e repelindo a mesma polaridade. A quem não conhece o conceito básico de um imã, para que compreenda o magnetismo dos Orixás, precisará conceder uma breve atenção ao seu conceito:
Ao aproximar os polos magnéticos de dois imãs, podemos verificar duas situações: repulsão, se os polos aproximados são iguais; ou atração, se são polos diferentes. (…) Inseparabilidade dos polos magnéticos, ou seja, não pode haver um imã somente com polo sul ou com o polo norte. Isso significa que, se um imã for quebrado, haverá a formação de um novo ímã. A razão para esse fenômeno é o fato de o magnetismo ser uma propriedade que tem origem na organização molecular da substância, então, até a menor das moléculas de um imã possui os dois polos bem definidos.
(TEIXEIRA, Mariane Mendes. “O que é imã?”; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/fisica/o-que-e-ima.htm. Acesso em 30 de maio de 2021)
Desta forma se pode compreender como funciona a atração e repulsão magnética, bem como o conceito de que o magnetismo está, inclusive, na menor das partículas.
Cada ponto energético central de um Orixá tem seu magnetismo próprio, assim um Orixá que possui em si determinado fator não o absorve, pois se trata do que possui em abundância, sendo assim o repele, irradiando-o para toda a criação. Por outro lado, absorve as irradiações provenientes dos fatores pertencentes aos demais Orixás. Por exemplo: Ao se considerar Ogum como Orixá polaridade no fator ordenado, temos então neste pai Orixá o efeito repulsivo para a “ordenação”, ou seja, ele irradia tal ordenação para tudo e todos. Ao mesmo tempo em que irradia, seu magnetismo absorve a irradiação de todos os demais, atraindo para Ogum a Congregação irradiada por Oxalá, a Agregação irradiado por Oxum, a Expansão irradiada por Oxóssi, o Equilíbrio irradiado por Xangô, a Transmutação irradiada por Obaluayê, a Geração irradiada por Iemanjá, e os demais fatores irradiados por outros Orixás.
Com esta troca energética constante, as energias irradiadas por cada Orixá, se espalha pela criação em ondas, através de uma vibração. Por sua vez esta vibração tem uma frequência específica que define:
A frequência é definida como o número de voltas realizadas por um objeto em movimento circular em um intervalo de tempo determinado. Também pode ser definida como a quantidade de ondas geradas em um tempo específico.
(JÚNIOR, Joab Silas da Silva. “O que é frequência e período?”; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/fisica/o-que-e-frequencia-e-periodo.htm. Acesso em 30 de maio de 2021.)
Considerando que “Vibração ou oscilação é qualquer movimento que se repete, regular ou irregularmente dentro de um intervalo de tempo.” A frequência vibratória é a quantidade de ondas irradiadas em um intervalo de tempo, ou seja, quantos pulsos energéticos são emitidos por um Orixá quando através de seu magnetismo repele energias polarizadas com sua energia principal.
Esta frequência é medida pelo comprimento de onda, o que dá a cada vibração de um Orixá características específicas, quando se leva em consideração apenas o que dele se irradia. Se, ainda, considerar-se a quantidade de energia mista que envolve cada Orixá, considerando a atratividade de seu magnetismo em relação aos demais fatores de outros Orixás, então se tem uma infinidade de frequências e comprimentos de ondas.
Portanto, pode-se considerar que o mistério de cada Orixá é representado pela sua “Frequência Vibratória” e é ele quem define características qualitativas aos Orixás.
Por que dia, cor, ervas, pedras, número e chacra?
Ao se aprofundar no estudo dos Orixás é possível verificar que cada vertente de Umbanda atribui a cada Orixá uma série de elementos, chamados “atributos”, que podem variar dentro da visão e entendimento de cada vertente, mas que, normalmente, seguem um padrão lógico, vezes trazidos pelo estudo outras pela cultura. Assim formando para cada Orixá uma “tabela” de dias – tanto dia da semana quanto dia do ano – cores, ervas, pedras, números, chacras e outros atributos que podem ser definidos não somente por sua frequência vibratória como pelo acúmulo de suas essências naturais amalgamadas.
Em nosso planeta, tudo é formado pelos sete principais magnetismos de Deus, os magnetismos que compõem a gênese divina e que são classificados, na Umbanda, culturalmente como magnetismo da Fé, do Amor, do Conhecimento, da Justiça ou equilíbrio, da Lei ou ordem, da Evolução e da Geração e desta forma com as múltiplas combinações possíveis – e combinações das combinações – temos tudo aquilo que pode ser visto em nosso plano material. Segundo Saraceni “temos sete tipos de magnetismos que dão forma a tudo o que aqui existe, tanto na forma animada (vida), quanto na forma inanimada (matéria)” (Teologia de Umbanda Sagrada. Madras, 2014. pg. 173).
Portanto, quando se classifica uma erva, uma pedra, um alimento, um animal ou qualquer outro elemento como pertencente a determinado Orixá, é porque dentre todas as essências que, magnetizadas e amalgamadas, formam aquele determinado elemento é predominante a essência proveniente daquele Orixá.
No que diz respeito às cores, entende-se que cada Orixá possui em si uma infinidade de cores, tanto aquelas visíveis ao olho humano quanto as invisíveis, desta forma qualquer cor que lhe for atribuída será aceita, pois não estará incorreta. Entretanto, considera-se algumas das ondas vibratórias irradiadas pelos Orixás para se estimular um conjunto sólido e coeso que permita ao Umbandista realizar de forma objetiva o seu culto ao Orixá, incluindo o uso das cores. Tal método de definição de cores pode ser reforçado com a utilização da física:
No século 17, o físico inglês Isaac Newton deixou isso claro em um experimento usando um prisma: quando a luz solar atravessava o vidro, cada cor seguia uma direção diferente, pois cada uma delas tem comprimento de onda e velocidade diferentes.
(https://super.abril.com.br/historia/o-que-e-a-cor/)
Cumpre lembrar que quando se fala em comprimento e velocidade de onda, fala-se em frequência vibratória. As cores relacionadas a cada Orixá serão estudadas no momento adequado, onde cada divindade será analisada individualmente.
Por fim, e não menos importante, quando se fala no chacra relacionado a cada Orixá traz-se ainda uma cultura externa à Umbanda para que se agregue informações e se tenha maior corpo o sentido teológico de Umbanda e a teogonia dos Orixás.
Os chacras são centros energéticos distribuídos pelo corpo e que de certa forma absorvem e irradiam energias realizando uma troca energética entre nosso corpo físico e nosso duplo etérico. Cada chacra recebe a regência de um par de Orixás, que dão a ele seu magnetismo e função principal, entretanto, cada indivíduo tem uma regência própria e individual de Orixás em cada chacra, formando então seu “enredo” divino ou como é comumente chamado na Umbanda, uma “coroa divina”.
Em cada chacra do indivíduo vibra um Orixá primário e outros seis Orixás secundários por polo magnético, conforme se pode observar na figura a seguir:
A relação “genérica” de cada chacra com determinados Orixás será estudada, assim como os demais elementos, no momento adequado onde serão aprofundados os estudos de cada Orixá.